Nosso Brasão

 

Descrição Heráldica — Brado de formato redondo português partido e cortado, encimado por uma coroa mural. Em campo de ouro, no primeiro quartel, a imagem de Nossa Senhora Aparecida; no segundo, de goles (vermelho) duas coroas murais de prata; no segundo campo de sinople (verde) uma faixa de prata. Como suportes, a destra, um ramo de café frutificado na sua cor natural, e, a sinistra, um feixe de cana, na sua cor natural. No fundo ou abismo do brado, um listel de prata, com letras de goles (vermelho) a legenda latina “Fides et Labor” ladeantes as datas 10-3-1885 e 5-12-1896.

Simbologia do brasão — O escudo redondo português, evoca a história do Brasil e asua ascendência lusíada.

Campos do brasão — O primeiro campo de ouro, é a riqueza espiritual e material do povo de Sertãozinho, que tanto tem feito pela grandeza de São Paulo e do Brasil; o segundo campo de goles (vermelho), é a disposição da gente deste privilegiado município paulista à luta e ao trabalho intenso, pelo bem da nacionalidade. O segundo campo, do brado de sinople (verde), é o simbolismo da fertilidade do solo e a sua exuberância.

Símbolos do brado — A imagem de Nossa Senhora Aparecida perpetua o fato profundamente histórico de ter sido o nome de Arraial de Nossa Senhora Aparecida de Sertãozinho, o nome primitivo do arraial que deu margem à fundação da cidade: as duas coroas murais, de prata, são os dois Distritos formadores do Município: Sertãozinho e Cruz das Posses; no fundo ou abismo do Brasão, uma faixa ondulante de prata, que na ciência heráldica é simbolizadora dos cursos d’água, lembra o rio Pardo, vivificador de suas terras e ao qual se ligam o rio Mogi-Guaçu e os cursos Onça e Sertãozinho.

Símbolos exteriores —O ramo de café frutificado, na sua cor natural colocado à destra do Brasão lembra o trabalho dos paulistas, que fizeram erguer no seu território, a onda verde de seus cafezais que constituíram o elemento de base à consolidação do crédito do Brasil no exterior; o feixe de cana, colocado à sinistra do Brasão, é a lembrança da produção canavieira, a mais importante do Município de Sertãozinho; o listel de prata, com forro de goles (vermelho) traz a legenda “Fides et Labor” que simboliza e evoca as preocupações máximas do povo de Sertãozinho, devotado a Deus por sua Fé inabalável e à pátria por seu trabalho fecundo, constante, cívico e altamente produtivo. Esta legenda tem ladeantes as datas “10-3-1885” e “5-12-1896”, respectivamente datas da fundação do distrito e instituição do Município pela Lei de n.0 463.

O Brasão de Armas do Município de Sertãozinho deve-se à iniciativa do nosso conterrâneo, o deputado estadual Antônio Oswaldo do Amaral Furlan, que incumbiu da simbologia das peças interiores e externas do Brasão o conhecido heraldista e historiador Enzo Silveira, da Comissão de Heráldica do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, do Instituto Genealógico Brasileiro e pertencente a várias entidades congêneres do estrangeiro.

O desenho do Brasão ficou a cargo do desenhista José Arnaldo de Azevedo.

(1) O projeto de lei Instituindo o Brasão de Armas do Município de Sertãozinho foi apresentado na sessão da Câmara Municipal no dia 3 de Agosto de 1956 pelo vereador Dr. Antônio Furlan Junior’, sendo aprovado por unanimidade.

Hino: “Minha Terra”

Letra e música: Alberto Bevegnú

Oh! Querida terra, berço de heróis, labor e glória!
És a mãe sublime, dos filhos teus mais cara jóia,
Caminhando ao fluxo e ao influxo de teu progresso,
Canta terra querida o grande dia de tua história.

É o gigante que se agita e se levanta
Das virgens matas, de ínvio sertão!
São tuas usinas, tua indústria e o solo fértil,
Grande celeiro desta Nação.
Tens o ostentar tuas belezas naturais,
Oh! Cidade minha, encantos mil.
As tuas fontes buscando os rios,
Beijam os mares do meu Brasil.
Quer na paz ou na guerra,
Sempre és vibrante e altaneira,
Pois teus filhos não temem a luta,
Por tua Bandeira;

A este solo sagrado,
Nossa força exuberante,
Nosso amor a própria vida,
Para tua glória a todo instante.

Nossa História

Em 1827, o Brasil, que se encontrava separado de Portugal há cinco anos, era governado pelo imperador D. Pedro I. Enquanto o Rio de Janeiro começava a constituir a sua Corte Imperial, com fazendeiros e coronéis ganhando títulos de barões e viscondes, a vida no interior de Minas Gerais transcorria calmamente com a prática de atividades da pecuária, da lavoura e do comércio e a dedicação aos ofícios religiosos.

Era nesse ambiente simples, de terras verdes e colinas, que, numa região que ia de Caldas até Andradas, no sul daquele Estado, vivia João Manoel de Pontes, rodeado de parentes e assentados ligados entre si.

No início do século XIX, João Manuel, enfrentava numerosas dívidas e dificuldades em seus negócios. Sua esposa, Escolástica Maria Rosa, falecera com apenas 28 anos, vítima de hanseníase. Apenas quatro meses depois, no dia 9 de setembro de 1823, João Manuel casou-se com Ana Benedita de Oliveira.

Na época, todos comentavam a beleza do sertão paulista conhecido pelas suas terras “vermelhas como sangue”, já que até as roupas dos sertanistas que regressavam para Minas Gerais estavam impregnadas dessa cor. Como tinha pouco a perder e grande desejo de aventura, Pontes organizou, com alguns parentes, amigos, agregados e três escravos, além da mulher e dos filhos, uma marcha rumo ao noroeste.

A comitiva foi a pé, com carros de boi, cavalos e burros levando os apetrechos necessários para a jornada. No grupo estavam: Manuel Jacinto de Pontes e Antônio Maciel de Pontes, este ainda criança, filhos de João Manoel, e seu genro Antônio Quirino de Souza Benevides. Também seguiram o mesmo caminho o seu irmão Domiciano Manuel de Pontes, seus cunhados Antônio Joaquim da Rocha e José Antônio de Melo e seu amigo Antônio João Ferreira, todos oriundos de Caldas.

Após meses de jornada, os valentes aventureiros alcançaram o território onde hoje se encontram as cidades de Sertãozinho e Pontal e o Distrito de Santa Cruz das Posses. Naquela época, porém, a região era coberta por uma mata cerrada.
João Manuel, em 1827, chegou até um ribeirão, o córrego do Sertãozinho, e o percorreu de sua cabeceira até a foz no Rio Mogi-Guaçu. Também explorou todos os afluentes da região, tomando posse do território, que denominou Fazenda do Sertãozinho do Mato Dentro. Uma medição posterior apurou que essa área chegava a 13.768 alqueires.

Em 1847, ano da morte de João Manuel de Pontes, a família dominava aproximadamente 25 mil alqueires e começou a se dedicar mais ao cultivo das terras e a construção de benfeitorias para os que ali habitavam. Os sucessivos casamentos, inventários, heranças, partilhas, negócios de compra e venda, permutas e doações transformaram Sertãozinho numa enorme colcha de retalhos, constituída de pequenos sítios, chácaras e fazendas. Para se ter uma ideia, cem anos após a chegada dos primeiros posseiros, em 1930, ano da Revolução que mudou o destino do País, a Fazenda do Sertãozinho do Mato Dentro encontrava-se dividida em 189 partes.